Em 29/05/2017.
A inteligência artificial (IA) deve adicionar US$ 432 bilhões à economia brasileira em 2035, o que, se confirmado, representará uma elevação de 0,9 ponto percentual em relação ao cenário da linha de base do valor agregado bruto (VAB), que mede valor bruto da produção da economia. Deste montante, US$ 192 bilhões virão do aumento da capacidade da mão de obra e investimento de capital, US$ 166 bilhões da automação inteligente e os US$ 74 bilhões restantes, da difusão da inovação.
Os dados são de um relatório da Accenture Research, o qual aponta que a IA tem potencial para adicionar até 1 ponto percentual nas taxas de crescimento econômico anual das principais economias da América do Sul, em 2035, além de transformar o mercado de trabalho e criar uma nova relação entre homem e máquina.
Intitulado “Como a Inteligência Artificial pode acelerar o crescimento da América do Sul”, o estudo destaca o setor público do Brasil, que, apesar responder por aproximadamente 35% do valor agregado da economia, seus serviços são um dos objetos de maior descontentamento popular. E é aí que entra IA, já que, segundo a consultoria, ela pode melhorar os serviços públicos nas mais diversas áreas, do transporte público ao controle de doenças.
O relatório enfatiza o fato de os bancos brasileiros, que estão entre os mais inovadores e ávidos por tecnologia do mundo, virem investindo pesadamente em soluções de IA para melhorar o atendimento aos clientes. Não é para menos. Pesquisa recente mostra que 83% dos brasileiros consumidores de serviços financeiros declararam que confiariam em recomendações bancárias totalmente geradas por computador, contra uma média global de 71%.
A indústria de transformação é outro setor grande da economia brasileira, responsável por 12% do valor agregado. O setor tem sofrido nos últimos 25 anos e, segundo o estudo, a IA pode oferecer soluções inestimáveis para reavivar sua produtividade e crescimento. Já existem, no país, startups gerando novas soluções de aprendizagem de máquina para melhorar o desempenho industrial.
O relatório da Accenture destaca, entretanto, que a economia brasileira enfrenta deficiências estruturais persistentes que prejudicam sua capacidade de absorver os benefícios da IA e de outras oportunidades da era digital. Entre estes, a principal é a baixa qualidade do sistema educacional, incluindo uma proporção muito reduzida de jovens adultos na educação terciária e a debilidade de muitas instituições de pesquisa científica. O Brasil se beneficiaria significativamente da construção de ecossistemas de pesquisa mais fortes, tanto nacionais quanto globais, e da promoção de uma mentalidade mais inovadora em toda sua economia. Tudo isso requer atuação sincronizada entre formuladores de políticas e empresas.
“O estudo se baseia no fato de que, globalmente, há algumas décadas, o modelo tradicional de expansão econômica vem sofrendo um forte declínio. A partir disso, algumas soluções aliadas à IA, como robótica e big data, poderiam ser a solução para o atual cenário em que a produção de capital e a mão de obra já não geram taxas de crescimento consistentes”, analisa Armen Ovanessoff, diretor executivo da Accenture Research para a América Latina.A pesquisa conclui que, quando tratada pelas empresas como um fator de produção, a IA proporciona aceleração ao crescimento de três maneiras distintas: por meio da automação inteligente (criação de uma força de trabalho virtual), da aceleração das inovações na economia e da intensificação das competências na força de trabalho.
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