Por Barbara Chiu *
Publicada em 05 de maio de 2017 no site CIO.
A Inteligência Artificial é caracterizada como a tecnologia capaz de simular a performance humana, chegando a conclusões próprias e auxiliando o homem a tomar decisões mais assertivas frente a assuntos de alta complexidade. Além disso, atua como pilar impulsionador da transformação digital e, por isso, vem sendo utilizada de forma intensa por organizações de excelência já consolidadas como, por exemplo, a Amazon.
Entendendo a relevância do tema, especialistas estão aprofundando os estudos para auxiliar as organizações a absorver melhor os benefícios trazidos pela IA e a minimizar seus impactos. Nesse contexto, destaca-se o modelo de antecipação de negócios -“Anticipatory Organization Model”-, desenvolvido por Daniel Burrus. Ele garante confiabilidade e assertividade à previsão de futuras disrupções, permitindo, dessa forma, identificar e resolver problemas antecipadamente e obter um menor tempo de resposta para tais mudanças.
Nesse cenário, ao surgir como ferramenta alinhada ao Anticipatory Organization Model, a IA ganha mais força e se posiciona como um importante elemento da Transformação Digital vivida pelas organizações. O modelo de negócio utilizado pela Amazon – o “Amazon´s Anticipatory Shipping” – traduz o sucesso deste alinhamento ao garantir sua posição de destaque no mercado e a consolidação de sua imagem como um dos grandes players do cenário tecnológico atual.
De modo geral, a solução da Amazon consiste em um sistema de entrega em que, mesmo sem que os consumidores tenham feito o pedido, os produtos sejam embalados e enviados para uma determinada região a fim de facilitar a possível entrega futura. Em suma, como vemos na figura abaixo, antes mesmo que os próprios clientes reparem que gostariam de ter aqueles produtos, eles já são preparados e ficam prontos aguardando somente a entrega ao consumidor!
AnticipatoryOrganizationModel
Fica evidente que tal modelo é ancorado na utilização da IA. No algoritmo criado, são realizadas análises prévias de dados que suportam essa tomada de decisão. Alguns deles são:
1 - Pedidos anteriores realizados;
2 - Rastreio de sites visitados e duração da navegação em cada um deles;
3 - Quantidade de tempo no qual o cursor se posicionou sobre a imagem de um produto;
4 - Movimentação nos “Shopping Cars” e “Wish Lists”;
5 - Sensibilidade a variações de preços.
O estudo de caso aplicado à Amazon evidencia que o modelo de antecipação de negócios, suportado pela IA, impulsiona a organização. Com isso, visando alcançar posições de destaque, as demais organizações se veem obrigadas a repensar seus modelos de negócio para sustentar com excelência os efeitos provenientes do fenômeno da AI. Para tanto, existem quatro pontos de atenção a serem repensados no contexto organizacional:
Como desfrutar das vantagens oferecidas pela Inteligência Artificial?
No entanto, vemos que, por mais que a IA seja um importante elemento para a transformação digital a ser percorrida no mundo nos próximos anos, infelizmente no Brasil os debates sobre os efeitos e impactos são tímidos – apesar de crescentes. Dentre as barreiras enfrentadas, sobressaem o desalinhamento estratégico entre essas mesmas disrupções; o desconhecimento por parte dos próprios líderes das organizações quanto ao potencial da IA; e a frágil formação de profissionais com conhecimento no assunto.
Assim, para que os benefícios oferecidos pela temática aqui discutida sejam enaltecidos e para que as barreiras sejam ultrapassadas, sugere-se seguir o seguinte checklist:
1 - Compreender seu impacto potencial;
2 - Repensar as estruturas organizacionais já existentes, de forma que permitam a empresa atuar de maneira mais ágil, com equipes integradas e colaborativas;
3 - Redefinir funções e papéis das atividades exercidas pelos colaboradores, dividi-las em tarefas menores e alocá-las para humanos ou, futuramente, para máquinas;
4 - Reinventar o mundo dos negócios a fim de assentir a chegada da AI;
5 - Enxergar a AI como um instrumento de fomento da performance dos homens e não com o intuito substituí-los e/ou dominá-los.
Embora os aparatos tecnológicos venham a substituir os humanos em uma escala considerável, a balança de benefícios gerados pela AI é indiscutivelmente positiva, trazendo um caráter impulsionador frente às transformações vivenciadas hoje pelas organizações.
Referências:
BURRUS RESEARCH. The Anticipatory Organization. Disponível em: http://www.burrus.com/2015/05/the-anticipatory-organization/;
CIO. Gartner aponta tendências estratégicas para 2017 na área de TI. Disponível em: http://cio.com.br/tecnologia/2016/10/26/gartner-aponta-tendencias-estrategicas-para-2017-na-area-de-ti/;
WORLD ECONOMIC FORUM. The Future of Jobs. Disponível em: http://www3.weforum.org/docs/WEF_FOJ_Executive_Summary_Jobs.pdf;
(*) Barbara Chiu é consultora da Bridge Consulting, formada em Engenharia de Produção pelo CEFET/RJ e mestranda no Programa de Gestão da Inovação pela mesma instituição.
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