Por Carla Matsu*
28 de Agosto de 2017 no site Computerworld
Portal ERP
Os mercados na América Latina se tornaram uma espécie de reservatório ainda pouco explorado no que tange a chamada transformação digital, principalmente no que diz respeito às pequenas e médias empresas (PMEs). Claro, estamos falando de um assunto cuja urgência ganhou seu maior combustível nos últimos anos. CEOs, CIOs, CTOs, CMOs e as tantas siglas do mundo corporativo são unânimes ao evangelizar sobre a importância da digitalização e integração de toda a cadeia de operações de uma empresa. O discurso é imperativo ao defender que é preciso abraçar a transformação digital, caso contrário não será possível sobreviver a esse admirável mundo novo onde os ciclos de inovações estão cada vez mais curtos e os clientes mais idiossincráticos e conectados do que nunca.
Pablo Signorelli endossa a narrativa da transformação digital. Ele é líder de Global Channel e General Business para SAP América Latina e Caribe, unidade que atende as PMEs. É ele quem abre mais uma edição do SAP Executive Partner Summit, que acontece na calorosa e úmida Riviera Maya, México. Signorelli fala para um público já convencido de que a disrupção digital precisa estar na pauta das organizações. Afinal, o evento é dedicado aos chamados parceiros de negócio, representantes de outras companhias de tecnologia autorizadas a vender e implementar soluções da multinacional. O modelo é uma forma de capilarizar o alcance da companhia fundada em 1972, em Weinheim, na Alemanha, e um ecossistema que parece sobressair, em especial, na América Latina.
Segundo a SAP, a participação das vendas de seus parceiros de negócios no segmento de General Business (empresas que faturam anualmente até 500 mil dólares) cresceu dois dígitos no primeiro semestre de 2017 em relação ao mesmo período de 2016. Além disso, a região tem se consolidado como uma daquelas com maior percentual de vendas indiretas na comparação com as vendas totais em todo o mundo.
O crescimento é uma resposta de uma mudança de estratégia da SAP feita há cerca de dez anos, quando a companhia deixou de focar exclusivamente nas chamadas enterprises, para trabalhar também com médias e pequenas. De acordo com a companhia, o General Business cresceu 29% no primeiro semestre contra os 22% do período anterior.
“O mercado, como um todo, se dá em uma pirâmide. Há muito mais empresas no segmento de General Business [quando comparada ao número de corporações]", justifica Signorelli. Além disso, diz ele, há uma ressalva tecnológica em relação ao setor. "Muitas dessas empresas familiares, que se administram ainda no papel, estão dando o passo à mudança da transformação digital, para se fazer competitivas, para chegar a outros mercados. E esse mercado cresce mais rápido que o das grandes corporações, onde a tecnologia sempre foi parte do negócio", compara o executivo.
O ano de cloud
Quando se fala de transformação digital, o assunto pode parecer um tanto vago à primeira vista. Não implica apenas na oferta de produtos digitais para um cliente, ou seja, não foca apenas na experiência do usuário final - apesar desta ser, também, fundamental.
Levantamento da CBInsights deste ano apontou 24 indústrias que ficarão "de cabeça para baixo" quando o iminente setor de carros autônomos se tornar uma realidade nas pavimentadas ruas das cidades. Da mesma forma que as tecnologias emergentes incorporadas aos carros autônomos irão avançar frente aos negócios - tenha em mente seguradoras, postos de gasolina, estacionamentos - as mesmas tecnologias serão responsáveis por impactar todo e qualquer negócio. Inteligência artificial, cloud, big data analytics, Internet das Coisas, robótica e blockchain estão no encalço de uma nova revolução digital, dizem analistas.
Tecnologias emergentes estão no horizonte de novas oportunidades de negócio. E a SAP não esconde que cloud computing é a atual menina dos olhos para a própria e a oportunidade para parceiros explorarem no segmento de pequenas e médias empresas.
"Na América Latina, 2017 é o ano de cloud. No ano passado, havia alguma dúvida ainda, clientes hesitavam um pouco, 'onde estão meus dados', eles se perguntavam. Hoje não há nenhum cliente em nenhum país da América Latina que não queira comprar soluções através de cloud", ressalta Pablo Signorelli.
Aos parceiros de negócio, a mensagem que fica é que cloud deve ser priorizada nas estratégias dos mesmos. "Já se trata de core business, as empresas estão adquirindo cloud para o seu ERP. O crescimento que esperamos em ERP em cloud é gigantesco na AL", prevê. "Precisamos que vocês capturem essas oportunidades e tragam soluções de ponta a ponta para o mercado", reforça Signorelli tendo em vista que os parceiros são também motor de crescimento da própria SAP.
A alemã encerrou o segundo trimestre com receita total de 5,7 bilhões de euros, 10% a mais que os 5,2 bilhões de euros registrados entre janeiro e março do ano passado. E a divisão de cloud teve papel importante aí. A expansão da receita foi puxada pela venda de licenças de software e a oferta de software na nuvem, que, juntas, registraram 4,7 bilhões de euros, cifra 9% superior aos 4,3 bilhões obtidos no mesmo trimestre de 2016. A receita somente com subscrições de cloud e suporte totalizou 932 milhões de euros, o que representa um crescimento de 29% na comparação com igual período do ano passado, quando contabilizou 720 milhões de euros.
E o Brasil teve um papel de destaque para a fabricante de software. No País, a empresa elevou em três dígitos seus novos negócios em nuvem, na comparação com o mesmo período do ano anterior. O mesmo aumento de três dígitos foi registrado nas vendas de soluções em nuvem para pequenas e médias empresas realizadas por meio de parceiros.
O crescimento de três dígitos conquistado no mercado brasileiro parece ter elevado a barra para o restante da América Latina. As metas agressivas preveem, claro, a crescente demanda pela transformação digital.
Signorelli cita uma pesquisa feita pela SAP onde 90% dos CEOS entrevistados afirmam reconhecer que é preciso fazer algo a respeito do tema e que veem na nova economia digital uma oportunidade e uma ameaça se não fizerem nada: "No entanto, destas empresas somente 25% têm um plano, estão recrutando e somente 5% já finalizou esse processo de transformação digital. Então, a oportunidade é enorme, tendo em vista que 75% sabem que precisam fazer algo. E muitas dessas companhias veem na SAP um player muito importante da transformação digital".
*Jornalista participou do Executive Partner Summit à convite da SAP
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