Por Shane Wall *
Publicada em 09 de abril de 2017 no site CIO.
As perspectivas de Realidade Mista, em que os mundos físico e digital se misturam, não poderiam ser mais promissoras. Ao fundir os mundos, virtual e real, as possibilidades são infinitas. Eliminando filtros e limitações, a RA permite a expressão na velocidade do pensamento para melhorar experiências e inspirar novas tecnologias.
Usando os cuidados de saúde como um exemplo, a Realidade Mista tem implicações significativas para cuidados, prevenção e tratamento mais personalizados, misturando biologia humana, contexto real e avanços tecnológicos. A saúde digital combinará dados em tempo real, Inteligência Artificial, tecnologia vestível e poder de computação para fornecer um atendimento mais onipresente, tempos de desenvolvimento de medicamentos mais rápidos e tratamentos contextuais e personalizados.
Além de suas implicações para uma indústria específica, a Realidade Mista tem o potencial de redefinir o dia a dia e, mais importante, abordar megatendências que afetam as mudanças econômica, demográfica e social global: urbanização rápida, mudanças demográficas, hiperglobalização e inovação acelerada.
Soluções de apoio para estas megatendências globais estão surgindo em nosso mundo em rápida transformação, incorporando dimensões de Realidade Mista ao desenvolvimento tecnológico. Elas incluem a transformação 3D, a Internet das Coisas (IoT, sigla em inglês), a Inteligência Artificial, a Microfluídica e a Hipermobilidade.
Urbanização Rápida
Cada vez mais pessoas estão se mudando para as cidades. Estima-se que até 2025, cinco bilhões de pessoas viverão em cidades. Vinte e cinco anos atrás, o mundo tinha 10 megacidades – com 10 milhões de pessoas ou mais – e até 2030, terá mais de 40 megacidades. A maioria delas estará na China e na Índia, e haverá até mesmo algumas na África, com um número muito menor nos mercados maduros na América do Norte, Europa Ocidental e Austrália.
Até 2025, a urbanização introduzirá mais 1,8 bilhão de consumidores na economia mundial, 95% deles em mercados emergentes, onde se espera que gastem 30 trilhões de dólares em 2030, um aumento de US$12 trilhões em comparação com 2010.
Mas os números não contam toda a história.
A urbanização não está apenas impulsionando o crescimento econômico, mas também está mudando os hábitos de compras e o consumo de produtos e serviços.
A mudança do mundo 2D, no qual geralmente trabalhamos agora usando monitores, smartphones e tablets para um que combina 3D, será crucial. Com as capacidades de impressão 3D no futuro, as cidades poderão responder às necessidades crescentes e mutáveis de seus moradores, imprimindo sob demanda o que for necessário para construção, entretenimento, compras, educação, e até mesmo novos tipos de itens alimentares e muito mais, em vez de confiar em uma cadeia de suprimentos física.
Através do uso de 3D, conjuntos complexos podem ser reprojetados em uma única peça para simplificar a produção. Além disso, o 3D ajuda a sustentabilidade ao imprimir somente as peças necessárias sob demanda, reutilizando materiais e reduzindo o consumo de energia, por meio da simplificação da fabricação.
Demografia em transformação
Em 30 anos, o maior grupo demográfico será de pessoas com mais de 50 anos, e suas expectativas vão definir as mudanças tecnológicas futuras. Além disso, a próxima geração, a Geração Z, terá crescido sempre conectada e com um smartphone constantemente em suas mãos. Isso vai influenciar profundamente a forma como interpretam o mundo em torno deles.
À medida que a Geração Y e a Geração Z envelhecerem e viverem mais tempo, suas expectativas também aumentarão sobre o que a tecnologia poderá fazer para aumentar sua qualidade de vida. É aqui que a Microfluídica, a ciência e a tecnologia de controle de fluidos terão um impacto significativo em muitos setores do mercado, sendo a saúde o principal deles.
O campo da Microfluídica encontra-se na interseção da Engenharia,Física, Química, Ciência de Materiais e Biologia (já ouviu falar dos biochips?).
Passaremos de um mundo de sistemas centralizados – onde os testes são muito caros e lentos – para um mundo de diagnósticos globais, em que as coisas acontecem de forma muito barata e o poder está nas mãos do indivíduo.
Hiperglobalização
A Hiperglobalização trata do mundo cada vez mais interconectado, dando origem a plataformas e ecossistemas digitais.
E permite que startups cresçam a uma taxa sem precedentes e enfrentem multinacionais reconhecidas em um cenário mundial.
A disrupção tornou-se a norma, e está acontecendo em todos os lugares e com todos. A interconexão global também significa que as empresas estão cada vez mais fazendo negócios com países fora de seus principais mercados. E com a velocidade do desenvolvimento tecnológico aumentando a um ritmo dramático, os produtos estão agora disponíveis em uma escala global.
A Internet das Coisas irá possibilitar o mundo hiperconectado e terá um profundo efeito sobre a forma como vivemos nossas vidas e como dirigimos nossos negócios.
Produtos e embalagens com padrões, como marcas d'água 3D, possibilitarão o rastreamento de objetos físicos através da cadeia de suprimentos para uso no mundo real. Ao monitorar seu status, capturar dados e enviar essas informações através de redes IP para vários aplicativos, os objetos físicos terão mais funcionalidade. Os produtos e peças poderão ser melhorados e ajustados com base no uso real.
A computação evoluirá para uma parte da experiência humana, tão natural quanto a respiração, e desaparecerá no contexto - um verdadeiro estado de Realidade Mista. Vemos isso hoje na tecnologia médica vestível e na agricultura, com o trator em rede capaz de analisar o solo e adaptar a quantidade de nutrientes no lugar certo, no momento certo. Quando a tecnologia desaparece no contexto para resolver as necessidades humanas, isso é o que chamamos de fato de Realidade Mista.
Inovação acelerada
Os consumidores são constantemente bombardeados com tecnologias mais rápidas, baratas e poderosas. No entanto, é fácil esquecer que o ritmo rápido da mudança tecnológica acontece porque as tecnologias digitais geralmente seguem uma trajetória exponencial versus uma trajetória linear. Nos próximos anos, os tablets e smartphones de hoje não serão só 10 vezes mais poderosos, serão um bilhão de vezes mais poderosos.
Mas o poder não será suficiente, à medida que a inteligência se torna a próxima referência para avanços tecnológicos. Cada vez mais, a ciência de materiais, as interfaces de máquina, a análise, a eficiência e a acessibilidade, não apenas o custo ou poder dos componentes, definirão os produtos inovadores do futuro.
Isto resultará na automatização maciça das tarefas, da fabricação e de nossa força de trabalho. A trajetória da automação do trabalho manual continua com a adoção de robôs industriais e de serviços em todas as indústrias. E não são apenas as tarefas manuais que estão sendo automatizadas; a Inteligência Artificial e a robótica estão sendo utilizadas para realizar trabalhos cognitivos de alto nível, desde o diagnóstico de saúde até a publicação, publicidade e até mesmo decisões de investimento na alta administração. As possibilidades são infinitas para um mundo habilitado para Homem + Máquina.
Nossos mundos físicos e digitais estão claramente se misturando, criando experiências novas e melhoradas para as pessoas em casa, no trabalho e em movimento. Ao aproveitar uma variedade de tecnologias novas, os inovadores estão encontrando maneiras de tornar nossas vidas mais ricas e mais produtivas.
(*) Shane Wall é diretor de Tecnologia da HP Inc.
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