A Ciência da Computação é uma das áreas de conhecimento mais populares e valorizadas no mundo contemporâneo. Para os apaixonados por hardware, software e afins, existem diversas razões para explicar esse magnetismo. Podemos listar algumas delas:
Diversas vagas de emprego abertas e não preenchidas;
Não existe rotina para os profissionais da computação;
Comparando com a maioria das outras áreas do conhecimento, podemos dizer que profissionais da computação ganham relativamente bem;
As possibilidades são infinitas, com a massificação da tecnologia, com o barateamento e a miniaturização da tecnologia, com o advento de bibliotecas e frameworks fantásticos, podemos simplesmente hackear o mundo à nossa volta.
Porém, a computação não é um mar de alegrias. Conversando com diversos profissionais da área, às vezes nos deparamos com algumas reclamações. Em alguns casos, temos contrapontos em relação aos próprios benefícios listados acima. O primeiro é: realmente temos uma grande quantidade de empregos? Quantas vezes nos deparamos com vagas de empregos que exigem conhecimento em uma grande quantidade de linguagens, exigindo um conhecimento sênior, mas pagando um valor até mesmo baixo para um júnior? E a falta de rotina, é uma dádiva ou uma prisão que nos obriga a estudar pela vida toda?
Claro que essa discussão pode ser muito longa e poderia muito bem se tornar tese de mestrado ou doutorado. Mas vamos adiante… Olhando para a figura abaixo, temos uma grande quantidade de linguagens de programação. Para se tornar um profissional respeitado e atingir o tão almejado sucesso na área, precisamos conhecer algumas delas. A notícia boa é que depois que aprendemos uma linguagem de programação, os principais conceitos serão replicados e o tempo para aprender uma nova linguagem será menor. Mas, mesmo assim, é possível perceber que vamos estudar bastante.
Mas realmente é preciso conhecer todas essas linguagens e estudar tanto assim? A resposta é: depende do que você quer para sua vida. Se quer se manter na média geral, vai conseguir ter uma vida digna, vai precisar se privar de vários bens que desejar ao longo da vida. No entanto, acredito que não passará fome nem sede. Contudo, se quiser ser um profissional de sucesso na área da computação, a resposta é sim.
Mas essa tarefa pode soar dantesca se faltar uma coisa na sua vida: cultura hacker! E aqui não me refiro à parte técnica; não estou falando que para ter sucesso na carreira precisará saber invadir a agência de segurança dos Estados Unidos. Falo da cultura e do modo de pensar e agir dos hackers. Resumindo: ser apaixonado de verdade pela profissão, por código, desenvolvimento, inovação, tecnologias e compartilhamento de conhecimento e afins.
Ter a cultura hacker na mente lhe fará buscar alvos. Claro que quando utilizamos esta expressão, não estamos querendo dizer fazer mal a alguém, causar danos físicos ou danos morais irreversíveis. Falo em alvo para lhe dar um ânimo maior e permitir que estudar na sexta-feira à noite se torne algo agradável, por exemplo. Justamente porque está atrás de uma recompensa. Hackers fazem isso quando enxergam um alvo e tentam driblar as brechas de segurança. Não será fácil, e isso lhe exigirá uma quantidade grande de horas de estudo.
O pensamento hacker também lhe despertará a curiosidade. Por exemplo, ao ler sobre determinado assunto em uma fonte bibliográfica, não se limitará ao que está ali exposto. Seu cérebro irá lhe fazer indagações parecidas com: e se eu usar esse conhecimento juntamente com a API xyz que estudei na semana passada? E se o construtor dessa plataforma não pensou na abordagem xyz e eu puder construir algo fantástico? E se a biblioteca permitir configurar um path de mídia inexistente para um contato do smartphone? Percebam o uso do “e se” em quase todos os exemplos fictícios.
Essas indagações e a sede por codificar soluções inovadoras farão com que você busque o conhecimento incessantemente. E é aí que o ciclo se fecha. Isso porque a tecnologia da informação evoluiu a um ponto em que atinge todas as esferas do mundo contemporâneo. Podemos fazer praticamente tudo através da codificação.
Imaginem um profissional da computação com a cultura hacker enraizada em sua mente e um mundo de tecnologias espetaculares disponíveis. Gostaria de chamar a atenção para algumas delas:
Internet of Things: esse conceito sintetiza a ideia de que todas as coisas estarão conectadas em rede no futuro. O número de dispositivos conectados ultrapassou o número de habitantes no planeta Terra há muito tempo. Uma solução computacional pode conectar a chave da sua casa ao seu carro, ao seu relógio de pulso, ao seu par de meias e, até mesmo, a dispositivos implantados em seu corpo.
Biohacking: somente a suposição de que podemos hackear organismos vivos já causa bastante impacto. E se eu lhe disser que isso já é real há algum tempo? Claro, não com uma penetração de mercado massiva e com uma facilidade para adquirir, mas estamos vivenciando o nascimento do biohacking. Podemos imaginar claramente um organismo vivo hackeado e implantável no corpo humano que, por sua vez, esteja ligado à Internet das Coisas. O leque de soluções possíveis é inimaginável.
E a nanotecnologia? Tudo o que foi falado até aqui tem uma escala de 1 a 100 nanômetros. Veja este trecho da sinopse do vídeo “Pesquisa da Nasa revolucionará a medicina no mundo, nanotecnologia”, disponível no YouTube: “Imagine trilhões de robôs-miniatura dentro de um corpo humano destruindo células cancerígenas antes mesmo de saber que você as tem. Imagine passar por uma cirurgia enquanto assiste à televisão em casa. Conhecida como nanomedicina, essa nova tecnologia está transformando a ciência médica”.
Aliado a tecnologias inovadoras, temos frameworks, bibliotecas e ferramentas que facilitam e agilizam o processo de desenvolvimento para IoT, biohacking, nanotecnologia e afins. A linguagem de programação JavaScript, por exemplo, fornece APIs que permitem seu uso para uma solução IoT de ponta a ponta. Node.js, Node Red, Johnny Five, Express e Cylon são só alguns exemplos. E o que falar do Firebase, um conjunto de serviços oferecidos pelo Google? Entre eles destaco o Realtime Database e o Firebse Push Notification. Ambos possuem biblioteca também para JavaScript. Para fechar este parágrafo, basta informar que o MIT criou uma linguagem de programação que permite a criação de circuitos de DNA complexos, para editar funções de células vivas – veja mais aqui.
Depois que essa cortina de possibilidades for apresentada para um profissional de TI com uma cultura hacker, o estudo e o desenvolvimento deixam de ser trabalho e se tornarão uma diversão sem fim.
E para finalizar este pequeno artigo: você acredita que a cultura hacker é a chave do sucesso somente para a computação? No meu entendimento, não. Em qualquer área do conhecimento, quando o profissional é apaixonado pelo trabalho que desempenha, terá força e gás para estudar um pouco a mais que a maioria, para se empenhar além do normal e, consequentemente, estará mais apto que a grande maioria dos profissionais da sua área.
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