Por Vinícius de Sousa Mendonça
RESUMO
O objetivo deste trabalho é apresentar uma reflexão sobre as recentes
aplicações de algorítimos de automação textual em redações jornalísticas. Por meio
de revisão bibliográfica, é apresentada uma contextualização histórica sobre o uso
de técnicas computacionais no jornalismo, desde seus primórdios, até a utilização de
soluções tecnológicas das ciências da computação na produção de conteúdo
informacional. Também é apresentado um resumo sobre o surgimento e o avanço
histórico das técnicas de Inteligência Artificial, até o desenvolvimento de ferramentas
de geração automática de textos em linguagem natural. Por fim, são apontadas
previsões de autores para o desenvolvimento futuro do uso de softwares de
automação no jornalismo.
CONCLUSÕES PRELIMINARES
Buscamos apresentar neste trabalho, por meio de pesquisa bibliográfica, um
panorama histórico da utilização de ferramentas tecnológicas no jornalismo, desde a
introdução dos computadores como auxiliares na apuração e produção de conteúdo
informacional, até as mais recentes aplicações de técnicas de automação e
inteligência artificial na construção do texto jornalístico. Foi possível constatar que há
mais de meio século a ciência da computação tem fornecido soluções para que
jornalistas sejam capazes de trabalhar com dados, especialmente a partir da
explosão na quantidade de informações disponíveis em formato digital que se tem
observado nos últimos anos.
Nosso foco principal foi demonstrar como essa expansão na disponibilidade
de dados estruturados tem transformado em realidade nas redações jornalísticas a
utilização de algorítimos capazes de produzir textos noticiosos prontos para serem
publicados automaticamente ou serem editados por um jornalista. Também
buscamos apresentar as visões de pesquisadores com relação aos efeitos,
possibilidades e desafios que acompanham o advento dessas técnicas.
A utilização de ferramentas de inteligência artificial aplicadas à construção de
conteúdo jornalístico ainda está nos seus primórdios. Por isso, é difícil prever
concretamente quais serão os próximos passos no desenvolvimento e uso dessas
técnicas nas redações. No entanto, a partir do que se tem observado onde a
automação já é aplicada e das constatações de teóricos, é possível enumerar
algumas tendências:
• Em primeiro lugar, somente áreas nas quais estiverem disponíveis dados
estruturados de alta qualidade poderão ser automatizadas;
• Os algorítimos poderão realizar atividades rotineiras, liberando tempo para os
jornalistas se dedicarem a tarefas mais complexas e que exigem esforço e
habilidades humanas;
• Jornalistas precisarão cada vez mais unir conhecimentos e habilidades da
comunicação com os relacionados à área da ciência da computação.
Deverão, por exemplo, adquirir conhecimentos relacionados à programação
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de computadores, pelo menos em nível básico, que lhes permita trabalhar em
colaboração com profissionais da computação;
• As universidades e os cursos de jornalismo necessitarão se adaptar ao novo
cenário, ajustando suas matrizes curriculares para oferecer conhecimentos
relacionados a essas novas habilidades que serão requisitos para a prática do
jornalismo computacional;
• Deverá haver aumento na quantidade de informação jornalística disponível,
com a possibilidade de ampliação na personalização do conteúdo para cada
indivíduo ou comunidade;
• A expansão na produção de conteúdo e na cobertura de temas antes
ignorados precisará ser vantagem suficiente para ultrapassar a deficiência na
qualidade dos textos, quando comparados com a produção de jornalistas;
• Jornalistas deverão continuar como os principais produtores de conteúdo
informacional de caráter mais elaborado e complexo, mas terão cada vez
mais o auxílio de ferramentas tecnológicas para acessarem as informações
necessárias para a construção de histórias.
Novas pesquisas na área deverão ser realizadas nos próximos anos,
conforme a utilização da automação no jornalismo avance. Ainda são passíveis de
maior esclarecimento questões como a receptividade dos consumidores de notícias
à produção automatizada e quais deverão ser as regras relacionadas à ética e
transparência na utilização dos dados.
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