sábado, 11 de fevereiro de 2017

Monografia - NOTÍCIAS GERADAS POR SOFTWARE: O JORNALISMO SEM REPÓRTER


Por Vinícius de Sousa Mendonça

RESUMO

O objetivo deste trabalho é apresentar uma reflexão sobre as recentes aplicações de algorítimos de automação textual em redações jornalísticas. Por meio de revisão bibliográfica, é apresentada uma contextualização histórica sobre o uso de técnicas computacionais no jornalismo, desde seus primórdios, até a utilização de soluções tecnológicas das ciências da computação na produção de conteúdo informacional. Também é apresentado um resumo sobre o surgimento e o avanço histórico das técnicas de Inteligência Artificial, até o desenvolvimento de ferramentas de geração automática de textos em linguagem natural. Por fim, são apontadas previsões de autores para o desenvolvimento futuro do uso de softwares de automação no jornalismo. 

CONCLUSÕES PRELIMINARES 

Buscamos apresentar neste trabalho, por meio de pesquisa bibliográfica, um panorama histórico da utilização de ferramentas tecnológicas no jornalismo, desde a introdução dos computadores como auxiliares na apuração e produção de conteúdo informacional, até as mais recentes aplicações de técnicas de automação e inteligência artificial na construção do texto jornalístico. Foi possível constatar que há mais de meio século a ciência da computação tem fornecido soluções para que jornalistas sejam capazes de trabalhar com dados, especialmente a partir da explosão na quantidade de informações disponíveis em formato digital que se tem observado nos últimos anos. Nosso foco principal foi demonstrar como essa expansão na disponibilidade de dados estruturados tem transformado em realidade nas redações jornalísticas a utilização de algorítimos capazes de produzir textos noticiosos prontos para serem publicados automaticamente ou serem editados por um jornalista. Também buscamos apresentar as visões de pesquisadores com relação aos efeitos, possibilidades e desafios que acompanham o advento dessas técnicas. A utilização de ferramentas de inteligência artificial aplicadas à construção de conteúdo jornalístico ainda está nos seus primórdios. Por isso, é difícil prever concretamente quais serão os próximos passos no desenvolvimento e uso dessas técnicas nas redações. No entanto, a partir do que se tem observado onde a automação já é aplicada e das constatações de teóricos, é possível enumerar algumas tendências: 
• Em primeiro lugar, somente áreas nas quais estiverem disponíveis dados estruturados de alta qualidade poderão ser automatizadas; 
• Os algorítimos poderão realizar atividades rotineiras, liberando tempo para os jornalistas se dedicarem a tarefas mais complexas e que exigem esforço e habilidades humanas; 
• Jornalistas precisarão cada vez mais unir conhecimentos e habilidades da comunicação com os relacionados à área da ciência da computação. Deverão, por exemplo, adquirir conhecimentos relacionados à programação 35 de computadores, pelo menos em nível básico, que lhes permita trabalhar em colaboração com profissionais da computação; 
• As universidades e os cursos de jornalismo necessitarão se adaptar ao novo cenário, ajustando suas matrizes curriculares para oferecer conhecimentos relacionados a essas novas habilidades que serão requisitos para a prática do jornalismo computacional; 
• Deverá haver aumento na quantidade de informação jornalística disponível, com a possibilidade de ampliação na personalização do conteúdo para cada indivíduo ou comunidade; 
• A expansão na produção de conteúdo e na cobertura de temas antes ignorados precisará ser vantagem suficiente para ultrapassar a deficiência na qualidade dos textos, quando comparados com a produção de jornalistas; 
• Jornalistas deverão continuar como os principais produtores de conteúdo informacional de caráter mais elaborado e complexo, mas terão cada vez mais o auxílio de ferramentas tecnológicas para acessarem as informações necessárias para a construção de histórias. 
Novas pesquisas na área deverão ser realizadas nos próximos anos, conforme a utilização da automação no jornalismo avance. Ainda são passíveis de maior esclarecimento questões como a receptividade dos consumidores de notícias à produção automatizada e quais deverão ser as regras relacionadas à ética e transparência na utilização dos dados.

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