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segunda-feira, 27 de abril de 2020

O que os problemas do COBOL em Nova Jersey ensinam sobre sistemas legados

Por Redação CIO em 15/04/2020 

COBOL completa 60 anos: o que sua história dirá sobre o futuro do ...
Computerworld
Alta demanda em plataforma de desemprego de Nova Jersey, Estados Unidos, mostra como a escassez de programadores com conhecimento em uma linguagem específica, o COBOL, afetou todo o sistema do estado. A plataforma lutou para suportar um aumento de 1.600% na demanda e precisou de talentos específicos para trabalharem com a linguagem criada na década de 1950. 
Segundo reportagem do CIO Dive, o sistema de back-end que suporta a plataforma de desemprego do estado norte-americano dobrou sob a pressão de um aumento de 1.600% nas solicitações – de 9.500 na semana de 14 de março, para 156.000 na semana seguinte. Na primeira semana de abril, as reivindicações iniciais aumentaram novamente em mais de 206.000. 
"Dados os sistemas legados, devemos adicionar uma página para os conhecimentos de informática [COBOL], porque é com isso que lidamos nesses legados", disse o governador de Nova Jersey Phil Murphy, em entrevista coletiva. "Temos sistemas com mais de 40 anos. Haverá muitas autópsias, e uma delas em nossa lista será 'como diabos chegamos aqui, quando literalmente precisávamos de programadores' [COBOL]". 

Vintage, porém eficaz 

Desde o pedido de ajuda do governador, um fluxo de voluntários avançou, embora a plataforma de desemprego continue a racionar o acesso dos candidatos de acordo com seus números de seguridade social, conta a reportagem. 
O COBOL foi criado como uma plataforma unificadora, uma linguagem de programação altamente legível que as pessoas podiam aprender rapidamente. "É [uma linguagem] detalhada e foi muito precisa e orientada por procedimentos", explicou à reportagem Brandon Edenfield, Diretor-Gerente de Modernização de Aplicativos da Modern Systems.  
Quando foi desenvolvido, os sistemas eram usados para processamento de números, não para alimentar aplicativos críticos. Com o tempo, o uso contínuo expandiu e hoje é usado para impulsionar as operações das empresas que processam grandes volumes de transações em um mainframe.  
Entretanto, as empresas que não se modernizaram têm que lidar com aplicativos legados e não documentados que estão em execução há décadas. Alterações feitas por funcionários que se aposentaram ou saíram do local levam a que Edenfield se refere como "código de espaguete". 
Isso significa que o conhecimento da linguagem, provavelmente, não será suficiente para corrigir os problemas do COBOL de Nova Jersey, diz a reportagem. "Mesmo que o governador encontre programadores da COBOL, esses caras vão dizer: 'Eu sei falar francês, mas não sei o que essas coisas fazem'", disse Edenfield ao CIO Dive. "Eles terão que entrar e tentar descobrir o que todos esses aplicativos fazem", complementou. 

É preciso superar o legado 

Isso coloca uma pressão sobre sistemas legados, que se esforçam para escalar com demandas atuais. "Sempre que você tem um sistema que se torna difícil de manter, há perigos, independentemente de sua confiabilidade teórica", disse ao CIO Dive, Joseph Steinberg, Consultor de Segurança Cibernética. 
Os desafios enfrentados a partir da alta demanda impulsionada pela crise do coronavírus serão sentidos de diferentes formas pelas empresas. O caso de Nova Jersey destaca como uma mudança repentina de escala pode incendiar a infraestrutura de TI, com falta de talento suficiente para impulsionar a mudança, diz a reportagem. 
Assim como, sistemas desatualizados podem introduzir riscos cibernéticos de maneira contra intuitiva, como já expôs outros aplicativos como o Zoom, que teve problemas com segurança cibernética a partir da alta demanda decorrente do trabalho remoto nesse período.  
"Minha esperança, como a de todos, é que a pandemia diminua e que voltemos ao normal nos próximos meses", disse Steinberg. "Mas se não o fizermos, provavelmente veremos outros sistemas falharem, alguns dos quais podem não ser facilmente corrigidos".

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Conheça a história de Grace Hopper, a "vovó do COBOL".

Por Cláudio Florenzano em janeiro de 2016 no site CBSI




Hopper foi uma analista de sistemas da Marinha dos Estados Unidos nas décadas de 19401950, e enquanto atuava por lá desenvolveu a linguagem de programação Flow-Matic, que foi a primeira delas a ser adaptada para o idioma inglês. Essa linguagem, apesar de já extinta, serviu como base para a criação do COBOL (Common Business Oriented Language) – usado até os dias de hoje em processamento de bancos de dados comerciais. E, por isso, mesmo que ela não tenha participado efetivamente da criação dessa linguagem de programação, Grace Hopper ficou conhecida como a “vovó do COBOL” por ter desenvolvido a base para sua criação.

Por conta de sua relevância, Hopper foi convidada para integrar o subcomitê que desenvolveu as especificações da linguagem COBOL em uma reunião que aconteceu em 1959 no Pentágono. Além da analista da Marinha, fizeram parte do comitê outras seis pessoas: dois especialistas da IBM, outros dois da RCA e mais dois da Sylvania Electric Products. 

Grace Hopper também é apontada como a autora do termo “bug, que usamos até os dias de hoje para designar uma falha em códigos-fonte. A invenção do termo teria surgido quando Grace tentava encontrar onde estava um problema em seu computador. Quando o descobriu, ela teria visto um inseto morto dentro da máquina – e acabou chamando o problema de “bug” que, em português, significa “inseto”. 

Como tudo começou 

Grace Hopper nasceu em Nova Iorque em 1906 e era a mais velha de três irmãos. Sendo uma criança inteligente e curiosa, estimulada pelos pais a estudar com as mesmas oportunidades de seus irmãos homens, aos sete anos desvendou o funcionamento de um despertador. A partir daí, seu interesse pelas ciências exatas só cresceu, até que a futura analista de sistemas se graduou em Matemática e Física em 1928, concluindo seu mestrado na Universidade de Yale em 1930. Alguns anos depois, com o Ph.D em Matemática conquistado, Hopper teve sua dissertação “Novos Critérios de Irredutibilidade” publicada e então começou a ensinar Matemática em instituições especializadas. 

Na década de 1940, Hopper foi uma das mulheres voluntárias para o WAVES (Women Accepted for Volunteer Emergency Service), uma divisão da Reserva Naval dos Estados Unidos que era constituída exclusivamente por mulheres. Nesse projeto, ela foi designada para trabalhar como tenente júnior em um projeto computacional, em que pôde analisar e escrever artigos sobre o computador Mark I – também conhecido como “Calculadora Automática Controlada por Sequência”. Nessa época Hopper pediu para ser transferida para a Marinha regular, mas seu pedido foi recusado e ela continuou servindo na Reserva da Marinha, permanecendo no Laboratório de Computação de Harvard até 1949.

A importância do UNIVAC I

Após sair do laboratório de Harvard, Hopper tornou-se funcionária da Eckert-Mauchly Computer como matemática sênior, sendo integrante da equipe de desenvolvimento do UNIVAC I (“Universal Automatic Computer”, ou “Computador Automático Universal”). Esse foi o primeiro computador comercial fabricado e comercializado nos Estados Unidos. 

Custando mais de um milhão de dólares, foram fabricados e vendidas 46 unidades do UNIVAC I para empresas de grande porte como a General Electric, por exemplo, e algumas delas permaneceram em funcionamento por muitos anos – uma unidade do UNIVAC I foi utilizada até 1970 por uma companhia de seguros. No Brasil, o UNIVAC foi um dos primeiros computadores a chegarem por aqui, sendo adquirido pelo IBGE em 1961 por quase 3 milhões de dólares para processar dados do censo.

Depois do sucesso do UNIVAC I, Grace Hopper desenvolveu seu próprio compilador – um programa de computador que cria outros programas a partir de um código-fonte escrito em uma linguagem compilada. Na prática, ele traduz um programa de uma linguagem textual para uma linguagem de máquina, e em 1952 a analista de sistemas tinha seu próprio compilador rodando em uma época em que a crença geral era a de que computadores eram capazes apenas de fazer aritmética.

O legado de Grace 

Em 1954, Grace Hopper foi nomeada a primeira diretora de programação automática da companhia onde trabalhava, e seu departamento foi responsável por divulgar algumas das primeiras linguagens de programação baseadas em compiladores. Em 1973, Hopper foi nomeada capitã da Marinha norteamericana e aposentou-se em 1986 como contra-almirante. 

Entre os inúmeros prêmios que recebeu, estão mais de 40 doutorados honoris causa, a medalha de Serviço Distinto da Defesa e a Medalha Nacional de Tecnologia. Ela ainda foi homenageada ao ver um destróier da Marinha sendo batizado com seu nome. Além disso, também recebeu a primeira edição do prêmio “Homem do Ano” da Ciência da Computação conferido pela Associação de Gerenciamento de Processamento de Dados, tornando-se a primeira mulher (e primeiro cidadão americano) a ser nomeada Distinguished Fellow pela British Computer Society.

Grace Hopper faleceu em janeiro de 1992 aos 85 anos de idade. Por ser uma mulher cuja relevância em seu setor é inegável, desde 1994 é realizado em sua honra o congresso Grace Hopper Celebration of Women in Computing, que anualmente celebra os feitos das mulheres no mundo da computação.

Fonte: CANALTECH

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Estudo sugere que mulheres são melhores programadoras que os homens

Em 12/07/2017 no site Canaltech


Apesar de o universo da programação ser um ambiente predominantemente masculino nos dias atuais, um estudo realizado por pesquisadores de universidades nos Estados Unidos está dando o que falar: ao analisar informações de softwares open source, descobriu-se que os softwares e aplicativos desenvolvidos por mulheres têm mais chances de serem aprovados do que aqueles criados por homens - porém, desde que o gênero das autoras não seja revelado.
É isso mesmo o que você leu: se uma mulher desenvolver um programa e não explicitar que ele foi criado por alguém do gênero feminino, esse programa deverá ter níveis de aprovação maiores do que se tivesse sido desenvolvido por um homem. Os pesquisadores analisaram milhares de submissões ao GitHub e descobriram que a taxa de aprovação de códigos criados por mulheres é de 78,6%, enquanto os níveis de aprovação das criações masculinas ficam em 74,6%.

A programação começou com mulheres

Você, homem, ficou chocado ao saber o resultado do estudo que mostrou a qualidade do trabalho executado por programadoras mulheres? Pois saiba que a programação começou com pessoas do gênero feminino. Antes que os homens dominassem a indústria e passassem a rejeitar a presença de mulheres como cérebros da programação, este mercado se iniciou graças ao pioneirismo de algumas mulheres.
Tudo começou muito antes de sequer se imaginar existirem computadores e máquinas complexas como essas das quais dependemos atualmente. A primeira programadora da história foi Ada Lovelace, que participou do projeto sobre a Máquina Analítica do cientista Charles Babbage, que foi a primeira máquina que pôde ser programada para executar comandos.
Entre os anos de 1842 e 1843, Ada complementou um estudo italiano sobre motores com um conjunto de observações de sua autoria, sendo que essas notas continham a descrição de um algoritmo criado para ser processado por máquinas, sendo considerado o primeiro programa de computador já criado. Lovelace também desenvolveu uma visão sobre a capacidade de os computadores realizarem muito mais do que meros cálculos, isso tudo em uma época em que somente se focava nesse tipo de ação.
Desenho da Máquina Analítica feito por Ada Lovelace (Reprodução: Divulgação)
Tempos mais tarde, entre as duas grandes Guerras Mundiais, as mulheres “computadoras” faziam cálculos complexos, como a trajetória de foguetes militares, por exemplo. A complexidade desse trabalho era tamanha a ponto de que cada um desses cálculos levava mais de 30 horas para ser completado.
Quando surgiu o ENIAC (o primeiro computador eletrônico de larga escala), esses cálculos passaram a ser feitos muito mais rapidamente do que pelos métodos tradicionais, e foram essas mulheres que desenvolveram os programas que o ENIAC rodava. Diferentemente do mérito que os programadores da atualidade têm por conta de seu trabalho intelectual, racional e meticuloso, naquela época as programadoras não eram valorizadas, pois os homens davam mais importância à criação de hardwares do que de softwares. Desenvolver códigos era um trabalho considerado inferior, que pagava pouco e não tinha prestígio - e, por isso, era deixado para que mulheres fizessem.
Mulheres "computadoras" trabalhando no ENIAC (Reprodução: Divulgação)
Poucos anos depois, Grace Hopper começou a estudar uma maneira mais fácil de programar computadores e acabou criando uma linguagem pela qual seria possível fornecer instruções às máquinas usando palavras em inglês. Foi assim que surgiu o COBOL, linguagem de programação que ainda é usada até os dias de hoje.
Foi mais ou menos nesta época, entre o final da década de 1940 e os anos 1950, que o “clube do bolinha” começou a surgir no universo da programação de softwares. À medida em que a programação começou a ser enxergada por uma outra ótica, que valorizava a atividade intelectual, os salários começaram a aumentar e, com isso, o interesse masculino cresceu.

Tentando combater o sexismo na indústria

Para falar um pouco sobre como o gênero é tratado na indústria da tecnologia, Lisa French, desenvolvedora front-end e cofundadora do Nashville Women Programmers, contou uma história pessoal, na qual ela era a candidata mais qualificada para preencher um cargo de gerência, mas o entrevistador disse que ele precisaria “lutar” por ela, pois as cabeças da companhia esperavam contratar um homem. Além de ser preconceituoso determinar se o profissional é ou não qualificado com base em seu gênero, isso também é ilegal em vários países (incluindo o Brasil).
French acredita que “enquanto mulher, eu sinto que estou em desvantagem por causa do estereótipo das pessoas com relação a mulheres na programação”. A desenvolvedora contou, também, que sempre precisou se esforçar muito mais do que seus colegas homens para ter seu trabalho reconhecido, mesmo que a qualidade do mesmo fosse igual ou superior. “Não sinto que tenho espaço para errar”, disse French, porque erros cometidos por mulheres acabam sendo muito mais malvistos do que os cometidos por profissionais do gênero masculino neste segmento.
“Pode ser um pouco difícil guiar uma mulher novata nessa área de atuação quando você sabe de todos os obstáculos que elas encontrarão somente por conta de seu gênero”, mas a desenvolvedora vem trabalhando para que mais mulheres decidam se tornar programadoras, para, juntas, combaterem o sexismo da indústria.
Com informações de Broadly