Por Redação CIO em 15/04/2020
Computerworld |
Alta demanda em plataforma de desemprego de Nova Jersey, Estados Unidos, mostra como a escassez de programadores com conhecimento em uma linguagem específica, o COBOL, afetou todo o sistema do estado. A plataforma lutou para suportar um aumento de 1.600% na demanda e precisou de talentos específicos para trabalharem com a linguagem criada na década de 1950.
Segundo reportagem do CIO Dive, o sistema de back-end que suporta a plataforma de desemprego do estado norte-americano dobrou sob a pressão de um aumento de 1.600% nas solicitações – de 9.500 na semana de 14 de março, para 156.000 na semana seguinte. Na primeira semana de abril, as reivindicações iniciais aumentaram novamente em mais de 206.000.
"Dados os sistemas legados, devemos adicionar uma página para os conhecimentos de informática [COBOL], porque é com isso que lidamos nesses legados", disse o governador de Nova Jersey Phil Murphy, em entrevista coletiva. "Temos sistemas com mais de 40 anos. Haverá muitas autópsias, e uma delas em nossa lista será 'como diabos chegamos aqui, quando literalmente precisávamos de programadores' [COBOL]".
Vintage, porém eficaz
Desde o pedido de ajuda do governador, um fluxo de voluntários avançou, embora a plataforma de desemprego continue a racionar o acesso dos candidatos de acordo com seus números de seguridade social, conta a reportagem.
O COBOL foi criado como uma plataforma unificadora, uma linguagem de programação altamente legível que as pessoas podiam aprender rapidamente. "É [uma linguagem] detalhada e foi muito precisa e orientada por procedimentos", explicou à reportagem Brandon Edenfield, Diretor-Gerente de Modernização de Aplicativos da Modern Systems.
Quando foi desenvolvido, os sistemas eram usados para processamento de números, não para alimentar aplicativos críticos. Com o tempo, o uso contínuo expandiu e hoje é usado para impulsionar as operações das empresas que processam grandes volumes de transações em um mainframe.
Entretanto, as empresas que não se modernizaram têm que lidar com aplicativos legados e não documentados que estão em execução há décadas. Alterações feitas por funcionários que se aposentaram ou saíram do local levam a que Edenfield se refere como "código de espaguete".
Isso significa que o conhecimento da linguagem, provavelmente, não será suficiente para corrigir os problemas do COBOL de Nova Jersey, diz a reportagem. "Mesmo que o governador encontre programadores da COBOL, esses caras vão dizer: 'Eu sei falar francês, mas não sei o que essas coisas fazem'", disse Edenfield ao CIO Dive. "Eles terão que entrar e tentar descobrir o que todos esses aplicativos fazem", complementou.
É preciso superar o legado
Isso coloca uma pressão sobre sistemas legados, que se esforçam para escalar com demandas atuais. "Sempre que você tem um sistema que se torna difícil de manter, há perigos, independentemente de sua confiabilidade teórica", disse ao CIO Dive, Joseph Steinberg, Consultor de Segurança Cibernética.
Os desafios enfrentados a partir da alta demanda impulsionada pela crise do coronavírus serão sentidos de diferentes formas pelas empresas. O caso de Nova Jersey destaca como uma mudança repentina de escala pode incendiar a infraestrutura de TI, com falta de talento suficiente para impulsionar a mudança, diz a reportagem.
Assim como, sistemas desatualizados podem introduzir riscos cibernéticos de maneira contra intuitiva, como já expôs outros aplicativos como o Zoom, que teve problemas com segurança cibernética a partir da alta demanda decorrente do trabalho remoto nesse período.
"Minha esperança, como a de todos, é que a pandemia diminua e que voltemos ao normal nos próximos meses", disse Steinberg. "Mas se não o fizermos, provavelmente veremos outros sistemas falharem, alguns dos quais podem não ser facilmente corrigidos".
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