Por Guilherme Borini em 05/02/2018 no site Computerworld
A Qualcomm anunciou nesta segunda-feira (5/2) mais um passo do seu projeto de fabricação de semicondutores no Brasil. A empresa assinou uma joint venture com a taiwanesa USI para instalação de uma fábrica de semicondutores para smartphonese dispositivos de internet das coisas (IoT) no País. A previsão de investimento é de US$ 200 milhões em cinco anos, em projeto que conta com apoio do Governo Federal e do Estado de São Paulo.
A fábrica, que ficará sob responsabilidade de produção da USI, será instalada na região de Campinas (SP), onde as empresas já buscam um endereço. Segundo Rafael Steinhauser, presidente da Qualcomm para América Latina, a ideia é se instalar em um prédio já construído e transformá-lo para receber a produção. A companhia projeta 2020 como ano de início da fabricação. A Qualcomm será responsável pelo desenvolvimento e desenho dos módulos.
"É um projeto que começou em 2012 com um acordo de colaboração para estimular a inclusão digital via smpartphones. Seguimos em 2014 com um novo acordo para avaliar a possibilidade de inserir o Brasil na cadeia de semicondutores. Surgiu a ideia de trazer para o Brasil o projeto com um novo tipo de componente e o governo nos estimulou e escolheu dois parceiros importantes para isso", destacou Steinhauser, durante conversa com jornalistas antes da assinatura do acordo, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo.
Além dos representantes da Qualcomm e USI, a cerimônia contou com participação do ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações Gilberto Kassab, bem como de Geraldo Alckmin, governador do Estado de São Paulo.
Componente inédito
O centro de desenvolvimento e fabricação, como as empresas denominam o espaço, abrigará a produção de um componente inédito. Trata-se do "SiP", linha de módulos system in package com chipsets, que incluirá em apenas um componente frequências de rádio e componentes digitais para smartphones e dispositivos de IoT. Todos os componentes, como memória e gps, estarão "encapsulados" em uma única solução e, com isso, fabricantes poderão utilizar o produto com mais facilidade e agilidade para desensolvimento de dispositivos. Saiba mais: Entenda com a SONDA os desafios da segurança na Internet das Coisas Patrocinado
O Brasil será o primeiro país a fabricar o componente, mas, por enquanto, o foco é apenas no mercado nacional. No entanto, Cristiano Amon, presidente global da Qualcomm, vislumbra potencial para exportação.
Segundo a empresa, os produtos são desenvolvidos para simplificar dramaticamente os processos de engenharia e fabricação, além de poupar custos e tempo de OEMs e fabricantes de dispositivos de IoT. Desenvolver os componentes no Brasil pode também permitir a redução do déficit de importação de circuitos integrados ao expandir e diversificar a produção brasileira de semicondutores.
"Potencial de exportação existe. Depende de criar modelo de negócio que tenha escala no mercado brasileiro. Nao tenho dúvida que, se a solução atingir o mercado brasileiro, tem potencial para exportação", destacou Amon.
Foco em IoT
A Qualcomm afirma que o módulo simplifica os processos de design e fabricação, o que, consequentemente, reduz o prazo de comercialização. "Não precisa de tanta complexidade no desenho e fabricação", pontuou Steinhauser.
O foco é levar a tecnologia para além dos smartphones, seguindo uma tendência global de dispositivos conectados. Com a primeira "missão" cumprida, auxiliando no desenvolvimento de poderosos smartphones, Amon diz que o próximo passo da companhia está totalmente ligado à IoT e dispositivos conectados. "É essa nossa visão de 5G, que é simplesmente levar conectividade para todas as coisas com velocidade e confiabilidade. Por isso falamos que a transformação do 4G para o 5G será como como foi a eletricidade", afirmou.
Apostando na facilidade de alcance do chip, a aposta é atingir todas as indústrias com IoT. "Muitas das indústrias (em diversos setores) não têm a capacitação de uma Samsung ou Motorola, por exemplo. Por isso entregar uma solução já integrada, como o SiP, ajuda a trazer competitividade e agilidade para adoção", comentou Amon.
Empregos
Outra contribuição que o projeto pretende dar ao Brasil é na criação de empregos. A expectativa é que a fábrica tenha de 800 a 1 mil funcionários.
Mas mais do que criar empregos, o foco é preparar o País para ser de fato uma potência em semicondutores. Para isso, mercados fortes como China e Taiwan serão essenciais.
"Traremos pessoas de fora para capacitação e também levaremos pessoas daqui para mercados como Taiwan e China, para voltarem qualificados. Temos pouca mão de obra com essa experiência no Brasil. Precisaremos fazer essa colaboração com o exterior. Esse é um passo importante, mas apenas o primeiro. O Brasil precisa desenvolver know how e esperamos que esse projeto seja sucesso no mercado nacional", completou Amon.
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